A mulher tem um silêncio gostoso de se ouvir e pronto para ser quebrado. Tem natureza própria: vento que sopra a cara e provoca os cabelos; lua que, nua, se banha no mar — festa nos navios negreiros...!
A mulher dá orgulho: a gente fica lendo, boba, descobrindo um monte de coisas que já sabia e que só precisava lembrar.
A mulher fecha os olhos quando faz carinho, como se fosse ele o acarinhado... todo texto de mulher tem um filho no presente e um amante no passado.
A mulher faz arte: colore o que passa em branco na vida e pára o que passa rápido demais — põe o pé na frente e zás! Segue soberba, sabe que não adianta olhar — não para trás.
A mulher parece sempre que foi a gente que escreveu —- será uma concatenação de saudades e esperanças comuns, ou alguém me esmiuçou sem eu deixar?
A mulher treme, grita, chora e comemora em uma só língua; e faz a gente pensar que somos, todas, fragmentos de uma mesma criatura com dois lindos seios e um santo ventre, que caiu, quebrou e nos espalhou um dia.
A mulher vale a pena a qualquer hora: de manhã, à tarde, de noite... Esteja a solidão aqui, ou batendo na porta, do lado de fora.
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